ATESTADO DE INCOMPETÊNCIA

O PREÇO DA INCOMPETÊNCIA

"Se você acha que a competência custa caro, experimente a incompetência". (Miguel Monteiro)

Em junho de 2013 escrevi um artigo a respeito da Competência (veja clicando aqui) no qual estabeleci ponto de vista a respeito do conceito de competência e de como atingir-se nível de competência aceitável dentro da atividade que se proponha realizar.

Hoje tratarei de seu antônimo, a Incompetência*. A Incompetência é um substantivo feminino que tem como sinônimos imperícia, inabilidade, inaptidão, incapacidade e inexperiência. Assim como a competência, a Incompetência ocorre dentro do trinômio Conhecimento, Habilidade e Atitude, entretanto é a falta ou a distorção de qualquer dos três pilares que conclui na Incompetência.

Para ilustrar esse conceito, trouxe 2 estudos de caso colhidos no meio administrativo público: A Companhia Vale do Rio Doce e as Concessões de Pedágio federais e estaduais.

Companhia Vale do Rio Doce*

Em 1909, vários grupos de investidores internacionais adquiriram extensas glebas de terra no Brasil e se reuniram fundando o Brazilian Hematite Syndicate -BHS, um sindicato que visava a explorá-las. Em 1911, o empresário estadunidense Percival Farquhar adquiriu todas as ações do BHS e mudou seu nome para Itabira Iron Ore Company. Percival só não teve sucesso pois Getúlio Vargas, após o golpe de 1930, desapropriou e estatizou as reservas brasileiras, criando em 1942 a Companhia Vale do Rio Doce.

Em 1997 o sociólogo, então presidente da República, Sr. Fernando Henrique Cardoso privatizou a Companhia Vale do Rio Doce com financiamento "doce" subsidiado, disponibilizado aos compradores pelo BNDES. Ou seja, pagou para que um grupo de estrangeiros comprassem uma empresa estatal (???). Mas esse não é meu ponto hoje, meu ponto é que estudos científicos apontaram um notável aumento de produtividade após a privatização (veja resumo do estudo).

Rodovias Federais e Estaduais

Coincidentemente, em 1997 foram privatizadas as primeiras rodovias também com subsídios do BNDES e com, pasmem, taxa de retorno de 17%. Quem conheceu as estradas antes das privatizações pode afirmar com certeza que a situação das estradas atualmente é, de fato, muito melhor. Por outro lado, o lucro líquido das concessionárias de pedágio é exorbitante.

Direto ao Ponto

A incompetência do estado em gerir os bens públicos fica atestada e estampada nos exemplos acima, haja vista a lucratividade e o aumento de eficiência da Companhia Vale do Rio Doce após a privatização, no primeiro caso; E as organizações privadas que estão obtendo lucros estratosféricos após investimentos realizados nas estradas com subsídio do próprio governo, no segundo caso. Se o Estado tinha os recursos (financiou as aquisições e concessões), se as pessoas que trabalham nos pedágios e na Vale não vieram de outro país ou planeta, então por que cargas d'água o Estado Brasileiro não realizou estas obras e está colhendo tais lucros para si?

O Outro Lado da Moeda - Administradores Públicos Competentes

Também em 1997 o cientista social Daniel Annemberg iniciou o projeto "Poupa Tempo", que reuniu e automatizou cerca de 400 serviços prestados por 15 repartições públicas diferentes em um único lugar. Esse processo conferiu transparência e eficiência aos processos através da inserção de tecnologias e da redução da burocracia e morosidade característicos das repartições públicas. Já fiz uso do Poupa Tempo e posso afirmar que é quase utópico, pois renovei minha CNH em 5 horas (exames, foto, pagamento de taxas, emissão do documento, tudo num só lugar).

Recentemente, Daniel assumiu o Detran-SP e ações semelhantes estão a ser tomadas para acabar com a corrupção, com a morosidade e burocracia do órgão. (veja íntegra da matéria clicando aqui)

Pelo visto, Daniel e sua equipe ainda terão muito trabalho pela frente e muitos órgãos para visitar.

* fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_S.A.#Prim.C3.B3rdios

** fonte: http://www.dicio.com.br/incompetencia/